Como
estamos construindo Corunha? Diria que bem mal.
Claro que pouco tem a dizer umha voz particular (para mais inri, nom sendo urbanista) quando por cima está o poder político e por cima deste o económico. Menos ainda quando o modelo vigente é referendado polas urnas repetidamente. Ao longo das décadas decenas de miles de corunhesas e corunheses têm amparado e sido partícipes do continuum pacovazquista, fundado no status quo contemporâneo por el mesmo e sucedido por Javier Losada, Carlos Negreira e, atualmente, Inés Rey (a quem J. R. alcumou
"Doña Licencias Urbanísticas"). Um fio político, responsável principal do traçado urbanístico do município, que é quase a inversa dos únicos dous alcaides que lembro com estima, Domingos Merino e Xulio Ferreiro.
"DESAFECTACIÓN ¡XA! ELVIÑA NON SE VENDE"
A vizinhança da paróquia elvinhense leva anos manifestando-se, exigindo que o concelho solucione o seu problema. Nom o problema
deles senom o que
lhes causárom. O PSOE -alvo das suas críticas junto co PP e a MA- formulou o urbanismo na Corunha passando por riba de núcleos tradicionais, pisando casas. Um concelheiro de urbanismo chegou a dizer-lhes expressamente que se esquecessem de habitar em casas dentro dos límites municipais, por muito que fossem as herdadas de seus pais. Como se nom as houvesse, ainda no nosso tempo, em tantos bairros da cidade.
Custa imaginar que axs proprietárixs das custosíssimas moradas da Cidade Jardim se lhes dixesse o mesmo, verdade? As persoas ricas sim podem morar em chalets.
Após anos de luita infrutuosa houvo quem, em desesperaçom, pediu que polo menos se lhes garantisse poder morar na sua casa em quanto vivissem (i. e. ao morrerem, os/as descendentes saberiam-se desprovistos de qualquer direito)... mas nem isso houvo vontade para certificar. Como consequência existem hoje
casas fantasma que já nem constam no Catastro, e estám xs moradorxs num limbo legal, sem saber o que pode ser deles amanhã. Eu nom sei se se podia salvar e integrar
Sam Roque de Fora, mas sei que Sam Vicente de Elvinha pode-se e deve-se. Que nunca se devia ter guindado a casa de
Álvaro Corral, que aquilo foi umha injúria como constatárom os
bombeiros da Corunha ao se negarem a ser partícipes da expulsom da família da sua legítima vivenda. O sociólogo Héctor Tejón
recapitulava o contexto daquela ignomínia:
O lugar de Elviña-Galán, noutrora un lugar productivo e cheo de vida, foi soterrado dende os anos 90 baixo a falsa necesidade dun espacio burocrático-financieiro de oficinas e, ao pouco, reconvertido en vivendas de protección oficial, nun turbio xogo capitalista que dende as institucións que pagamos todos e todas favoreceu os intereses privados por riba do interese social.
Este é justo o urbanismo contra o que qualquer persoa decente penso que devia estar.
O seguinte capítulo desta negra história será a hostil expansom do
hospital, que levará por diante umha vintena de casas e fincas particulares. Como dizia F. M.:
Xa hai que ter mestría para o deseño urbanístico: arrasar coas propiedades de máis de 30 veciños de Eirís e non tocarlle un só recanto ao parking.

Sumando, até
setenta lugares da Corunha têm moradas ameaçadas de eliminaçom de se executar o plano geral de ordenaçom urbana.
Este tipo de abusos produze-se num período de muitos anos no qual se têm sucedido arbitrariedades vergonhentas (algumhas ofensivas no simbólico, outras custárom
milhões de euros ao erário público) como
o Conde de Fenosa [~60M€], o
caso Someso [~50M€], a
requalificaçom dos terrenos de Marineda City de que disque se beneficiou a família Vázquez,
a farmácia de Dormideiras,
a destruiçom da residência Adelaida Muro, o caso escandaloso da
sede da ONCE coa casa do próprio Vázquez, o
intento de venda da Solaina...
QUANDO PENSÁMOS QUE ALGO PODIA CAMBIAR
Antes do ataque furibundo dos mansos voceiros da oligarquia (a histéria perante "cientos de licencias paralizadas, más de 4 millones en obras anuladas") e mais da esquerda canalha que celebrou a perda da alcaidia por parte da Marea Atlántica como vitória própria, houvo um momento em que tivemos a ousadia de imaginar umha Corunha diferente.
Em 2019 perguntei: "Área metropolitana, comboio de proximidade, proteçom para o interesse público da ribeira. Que mais lhe pedimos ao novo governo da Corunha?"
I. F. respondeu
Que amanhem a avenida da Vedra
e eu
Fai umha falta do demo. Pouco prática em tramos até para os veículos, dado que colapsa; inumana para peões e bicicletas; feia como um pecado.
A. B. retrucou
é titularidade de Fomento entre a ponte da Pasaxe e a gasolineira á altura da estación de tren. Esa é con diferenza a parte máis fácil, a autoestrada que quería humanizar a Marea con aquel proxecto que meteu no caixón Ana Pastor. O problema é que a humanización se subtituíu por unha ampliación a 5 carrís por sentido. Ampliación que ía pagar Audasa por un chanchullo dos seus, a cambio de aumentar aínda máis as peaxes, cousa que xa fixo sen comezar as obras. A situación actual é un roubo. A reforma fallida que propoñía a Marea era esta, con bulevar nas beiras:

Iso foi substituído polo vixente, un simple proxecto de ampliación de carrís convertendo a avenida nunha autoestrada monstruosa de 11 carrís no tramo máis ancho:
Que atentado...
A soluçom -bem se sabe já desde o século passado- nom é precisamente potenciar o veículo particular como meio. Mas assim continuamos. Por exemplo pedia eu o 4/11/19 que alguém me explicasse como um acidente na Vedra -por muito que com sete veículos implicados- podia causar retenções de duas horas, que chegárom até Lamastelhe, o Burgo, o Carvalho... falamos de kilómetros e kilómetros de distância. É demencial.
A propósito dessa loucura em 2007 já desenhara eu isto:
Mauro Entrialgo tamém o explicou numha vinheta sua:
E como sempre, hai quem confunde o cu coas témporas mas felizmente tamém quem retrata a questom com retranca:
A AUTOESTRADIZAÇOM DA CORUNHA
A cidade é algo mais que esse núcleo urbano, é o município e o seu contorno. Neste último todas as medidas estruturais tomadas parecem sugerir que se aspira a sarilhos criminais ao estilo de Los Ángeles. Estou pensando por exemplo no trajeto Mesoiro-Martinete-as Ranhas.
Além do brutal destroço paisagístico -quase irremediável a séculos vista- e do invasivo que resulta para as áreas afetadas na sua forma preexiste, estám a
catástrofe de Génova (2018) ou o
incidente na A-6 entre o Castro e Pedrafita (2022) como avisos da problemática do mantimento requerido por determinadas estruturas. A menor escala essa noçom de caducidade lembra-no-la tamém o
próprio acesso ao CHUAC entre o s. XX e o XXI.
Sublinhando como se acertou ao eliminar o viaduto da Avenida de Fisterra coa de Nelhe (mandando a Marea Atlántica) e o passo baixo desta última coa de Arteijo (PSOE), Elena Sarmiento
advertiu em 2022 sobre a proposta de
un viaducto desde Eirís con pilares colosales, grandiosas contenciones y una glorieta elevada sobre A Pasaxe que provoca un fuerte impacto ambiental y paisajístico en la zona
.
Que falta de sentido comum pode ter alguém para propor algo tam terrorífico como isto?
Toni García, professor de arquitetura,
explicava em 2015:
En EEUU, en Europa... os scalextric están a derrubarse e aquí acabamos de construír un.
Quando se construi umha cidade assim o resultado é que o ser humano nom pode deslocar-se se nom é dependendo de um veículo a motor. Imaginemos que estás no clube da chave das Vinhas e cometes o atrevimento de querer ir a pé a um polígono comercial próximo. Se fores de carro é imediato:
Se quigeres ir a pé, vem o festival do humor:
É exatamente a mesma origem e o mesmo destino. Um caminho que se poderia ter feito em qualquer momento da história está agora cheio de obstáculos ao passo humano.
Promover os tipos viários enormes e exclusivos de veículos motorizados (podemos imaginar
algo distinto?) e em paralelo nom apostar estrategicamente polo transporte coletivo é como celebrar que Corunha, apesar de estar continuamente batida polo vento marítimo,
seja das cidades do estado com pior qualidade do ar, mesmo superando em dias maus a umha urbe sobredimensionada como Madri.
Isto tem delito.
Alguns dos representantes mais decentes em Maria Pita nom têm falado quase da hipotética ou futura 4ª rolda, nom só porque parte do seu traçado pode causar problemas específicos, senom porque em qualquer caso som partidários de priorizar, no relativo às infraestruturas de transporte, a humanizaçom das grandes vias, caso da Vedra e do Birloque, e mais o ferrocarril, tanto o de proximidade como o de mercadorias. Umha postura acorde manifestava Defensa do Trem na Corunha quando o governo de Rey evidenciou a sua aposta pola 4ª rolda:
O Concello da Coruña vai cara o pasado. Máis vías para os coches, máis espazo, máis ruido e contaminación e máis muros de cemento rodeando a cidade. Nada de apostar por alternativas viables como o tren de cercanías. Que erro tan grande.
Na altura havia anos que eu renunciara ao veículo próprio em favor dum uso continuado do transporte público e do deslocamento a pé. Achei entom que o PSOE ia no sentido contrário, exatamente: mais transporte privado, aposta nula por revolucionar o transporte coletivo e entrar no século XXI (Só ver a desproporcionada superfície assignada para parking de automóveis nos planos da cidade das TIC...!)
Total, mais dinheiro público em contratos enormes para as construtoras, mais cemento. Nesse mesmo sentido comentava I. R. que se metiam
os impostos en formigón e asfalto ás portas dunha mudanza inevitable do modelo de mobilidade
, o que representava umha
desastrosa decisión.
Esse desenho de cidade é o que espetou um fosso brutal entre o Birloque e a 2ª Fase de Elvinha e o que condenou a tradicional paróquia das Vinhas ao enclaustramento mais obsceno.
Isto, combinado co vaziado da cidade (
máis de 19.000 vivendas baleiras segundo o IGE) em favor da dispersom populacional pola comarca, ajudada pola especulaçom urbanística urbana como di G. M. R., é umha combinaçom explosiva. A concelheira María García alertou sobre como voltam atualmente a mandar os
intereses da especulación inmobiliaria, como a luz verde da Xunta á construción en Percebeiras, determinados desenvolvementos na Ría do Burgo á beira con Culleredo, e a proposta de reordenación dos peiraos interiores con moito espazo para a vivenda en San Diego e Petroleiro.

↳
Está a cidadanía da Coruña de acordo en perder para sempre un espazo verde para lecer común, equivalente a cinco campos de Riazor?
Voltando ao nível da bicicleta, é fantástico arranjarem currunchos e trechos de zonas superpovoadas no cerne urbano para que o automóvel dê espaço, preferência e passo às persoas, pois devolve ao piso da rua
a escala humana. Presenta-se-nos assim umha imagem amável, mais idílica quanto mais próxima das
zonas nobles (i. e. quanto mais históricas, céntricas, peonis, comerciais...), que nom tem correspondência no que passa para fora (em menor medida nos bairros e nula na periferia). Por pouco que eu goste de Juan Flórez -para mim das ruas mais feias da cidade- é
zona rica cuja área de influência dispom de zonas
humanizadas como os contornos e praças de Lugo e de Vigo. Isso é fácil de fazer (e justificado, dado que a sua densidade populacional, como a da mais modesta Agra do Orçám,
supera a de Londres). Mais meritório seria apostar porque num bairro popular como Labanhou o último pedaço de terra apta se convertesse em parque, em vez de no símbolo do retorno ao
urbanismo pacovazquista.
A OMS recomenda 15 metros quadrados de zona verde por habitante, e na Corunha som apenas 10.

↳
Até quando resistirám as poucas árvores, as últimas em pé, lembrete da Vedra da nossa infância, que estava flanqueada por dous carreiros verdes?
O concelho tem um longo curso contemporáneo de
dendrofobia que com certeza nom melhora o problema da qualidade do ar. Assim, nom é surpressa que a cidade seja
a décima de 900 cidades europeias com maior mortalidade atribuível à falta de áreas verdes e em segundo lugar no conjunto estatal, só por baixo de Xixón.

↳
Corunha, entre as dez cidades europeias com maior mortalidade por falta de espaços verdes
Entom paradoxalmente arredor dessa estampa de passeio céntrico livre de carros construi-se umha coroa de aço e cemento que multiplica e dispara a escala contrária, a antihumana. Um lindo decorado primeiro, umha maquinária gargantuesca atrás del. Esta última que, dito seja tudo, ainda serviria em todo caso numha era passada caraterizada polo excesso energético e a infinidade de veículos particulares, mas que se impom re-conceber perante a fim dos combustíveis fósseis. Nom estamos já no século XX.
No verão de 2021 alguém me dixo que as derradeiras áreas realmente naturais e com vegetaçom do minúsculo município da Corunha coincidiam quase exatamente com quanto se vai urbanizar proximamente. Só pensar em que se vaia perder a Gramela e todo o seu contorno, dali para Pena Moa, co que isso podia ser, é deprimente.
Se nom caminhastes nunca da Praça dos Marinheiros para a Eira Velha ou polo caminho que une a Gramela com Visma, sugiro-che que o fagas antes de que o fagam desaparecer. Nom sei nem se as hortas urbanas da Agra do Orçám se salvarám.
Que se passou nos últimos sessenta anos? Ganhou ou perdeu Corunha zona verde dentro do recinto urbano? Nom me refiro ao contorno a monte, ainda nom invadido pola urbe por agora. Pondo por caso, ficou consolidado o parque de Bens, mas está bastante apartado. Vejamos dentro da cidade, por exemplo esta fraçom de Santa Margarida para o porto:
Após mais de meio século as escassas e últimas áreas naturais que lhe restam ao concelho apaga-as a própria câmara municipal, numha intervençom unidirecional, sem possibilidade de volta atrás. No Monte das Moas resiste ainda entre 2021 e 2022 umha área de 57.000 metros quadrados com hortas, árvores e mato, cuja extinçom conta co amparo dos governos municipal e autonómico: umha
construçom massiva co cemento como valor supremo.
Parece que pouco podemos fazer, visto o desdém para as queixas vizinhais, salvo suspirar por outro modelo de cidade. Nos últimos
orçamentos participativos votei a favor de propostas do distrito sétimo (Feães, Palavea, o Birloque, Oça, Elvinha bairro, Elvinha paróquia, as Vinhas, Mato Grande, Jujám, a Passagem, ...). As zonas mais populosas levam normalmente mais votos por umha questom numérica elementar mas devemos luitar contra o
mariapitismo, a inércia sempiterna pola qual a atençom mediática e o dinheiro em investimentos estruturais vai sempre para o centro e as zonas
bien. Para mim o resultado genérico das votações testemunha um desejo transversal central: mais zonas verdes, mas resulta decepcionante a resposta que recebe.
Essa decepçom marca a minha imagem da evoluiçom da cidade sobretudo porque me parece que Corunha podia ser -sem esperar utopias- algo muito melhor. Esta é a minha cidade e considero deve ser mais que um cúmulo de cementocracia e de interesses especulativos.
À memória de Luis Trillo. O meu agarimoso recordo para el, quem fazia melhor a paróquia e a cidade.