Este álbum é uma maravilha. Passando por alto que não ficasse isento de polémica pelo seu tratamento de diversos pontos sensíveis numa BD infantil-juvenil (consideremos incidentalmente que, além do anti-semitismo contém homicídio, sexo, torturas, maltrato infantil, retaliações dos dois bandos contra a população civil, colaboracionismo com a ocupação, …), digo, que apesar do que se lhe quiser criticar, eu achei entretido, engraçado e imprevisível em termos de argumento. Está ateigado de referências à BD europeia e a pessoas e personagens, nomeadamente àquelas vinculadas de um jeito ou outro com Bruxelas, caso de Audrey Hepburn, Hergé ou as criações deste último. E poucas vezes tenho visto algo tão absolutamente esquisito no desenho, não em vão Chaland -homenagem incluída- é um referente maior. Para mim som livros como estes que põem a BD europeia no mais alto, ali onde nem a BD dos EUA nem o manga japonês a podem alcançar; porque nem sequer joga “ao mesmo”, joga “ao seu” e aí é imbatível. Igual que tu não podes comparar Kirby com Tezuka ou Franquin…? Nom procede, verdade? Pois quando um álbum do mercado franco-belga sabe de onde vem, qual é a sua escola clássica e porém logra fazer algo moderno, virtuoso sem perder agilidade, tens de resultado um trabalho magnífico como “Le groom vert-de-gris”.