No meu Olimpo particular há uma cadeira reservada unicamente para Yves Chaland. A minha devoção pelo labor do malogrado autor francês é total. Por se fossem pouco todas as suas outras obras, nesta “Le jeune Albert” desafia a concepção que temos das BDs breves cómicas, próximas ao formato de imprensa. São meias páginas, mais semelhantes na extensão a um Sunday de Peanuts que a uma tira de Mafalda. Porém é no seu estranho humor onde te desconcerta, com a incorporação sem panos quentes da morte, da desgraça ou da violência cotidiana, por exemplo. Bem é certo que as aventuras do rapaz protagonista coincidem em parte com os destroços da II Guerra Mundial, ou que a meados do século passado era comum que os meninos brincassem a pedradas na rua, mas mesmo assim os micro-relatos nem respeitam muitas vezes o esquema de apresentação-desenvolvimento-gag final que se espera do género humorístico. Além disso incorporam tanto um protagonista como secundários por cujas personalidades não temos por que sentir especial estima. Desenhado com a glória da linha clara que só Chaland sabia alcançar e com tal originalidade nos argumentos, é uma estranha jóia da novena arte. Esta edição integral, à italiana, cartoné e com lombada em tela, tem oitenta páginas.






A cousa é simples. Yves Chaland é Deus.