Desfrutei muitíssimo da leitura e lamentei que a história acabasse. Adorei o trabalho de cenários e de desenho de personagens, como transmite a expressividade coletiva (os grupos e as massas) e individual (a linguagem corporal e facial) e tamém os diálogos sem concesom.
Em paralelo
Isaac o pirata, a (para sempre inacabada?) saga criada por Christophe Blain, estivo todo o tempo na minha cabeça enquanto lia este álbum. Do seu autor, Frantz Duchazeau, penso que só lera, muitos anos atrás,
Os cinco narradores de Bagdag, que tinha completamente esquecido, e
Meteor Slim, de que gostei. Entom nom sei se é que ambos autores, Blain e Duchazeau, bebem das mesmas referências e agora a ambientaçom setecentista de
El pintor forajido me levou de volta para Isaac mas o caso é que esta história tem algo de reverso escuro daquela outra odisseia dum pintor sob a bandeira da caveira. Neste caso o protagonista é outro artista das telas, desenganado da revoluçom que terminou co Ancien Régime. É um homem descontrolado que se revira contra tudo: a sua esposa, os seus colegas das belas artes, os revolucionários, os contra-revolucionários, o povo vítima dum período especialmente violento... A BD segue a sua trajetória num voo sem retorno, abanando entre a sua perícia coa espada e o seu talento co pincel, ancorado na militância da máxima da arte como um fim em si mesma.
Aborrecim a legendagem da ediçom espanhola, a tipografia (a da ediçom original tampouco a vejo muito melhor) e a sua composiçom, além do erro grosso das linhas sobreimpressas na vinheta terceira da página 12 (algo impróprio dumha ediçom profissional).
Nom obstante a beleza hipnótica dos cenários naturais e das ruínas, até dos sujos decorados urbanos, que Duchazeau retrata, junto co remoinho tam apaixonado como autodestrutivo do personagem principal, lográrom fascinar-me completamente e encher esse buraquinho que ficara por mor da desapariçom de Isaac.
Desejaria que
Le Peintre hors-la-loi tivesse continuaçom como puro exercício de ficçom se for preciso, quer dizer até além da figura real em que leio que se baseia o argumento, Lazare Bruandet (1755-1804).
Um apontamento final: achei soberbo o trabalho de cor de Drac, comedido e acertado a partes iguais nos seus tons planos, e nom entendo como nom consta na capa do livro, umha omissom de crédito exterior imerecida tamém em bastantes outros casos que conheço da BD europeia.